sábado, 25 de agosto de 2018

A inutilidade das organizações de Engenheiros na defesa da Engenharia Nacional.


Em todas as profissões regulamentadas temos geralmente associações dos mais diversos ramos, sindicatos de empregados e mais clubes diversos, o mesmo acontece com os engenheiros.

Os engenheiros têm geralmente distribuídas por todo o país, associações de engenheiros que congregam setores gerais, como sociedades de engenharia, associações de engenheiros de empresas estatais, clubes desportivos ou mesmo clubes sociais, e obrigatoriamente sindicatos de engenheiros.
Se somarmos todas estas instituições veremos que mesmo a soma de todas são verdadeiras INUTILIDADES para a profissão e para a carreira dos engenheiros, a inutilidade destas instituições se demonstra claramente em ambientes de crise, como a dos dias atuais, como também em momentos de vacas gordas como no passado recente.

Em momentos de crise, quando a engenharia nacional, não só as grandes empresas, mas como também os profissionais ligados a estas como prestadores de serviço, encontram-se demolidas pela especificidade do judiciário brasileiro, que no lugar de punir proprietários e diretores destas empresas vinculados a esquemas de corrupção, demolem as empresas e abrem mais ainda o mercado para o ingresso de empresas e profissionais estrangeiros.

Mesmo a Petrobras que vem sendo sistematicamente desmembrada, prejudicada e entregue parte do seu patrimônio a seus concorrentes, somente a pouco tempo que surge organizações de engenheiros denunciando isto. Ou seja, esperam que a ação contra a empresa e consequentemente aos seus empregos e empregos de outros engenheiros brasileiros seja começada e esteja em ritmo avançado para agirem.

Na construção civil de grandes obras é uma verdadeira calamidade, são firmas com um capital técnico que são sistematicamente perseguidas pelo judiciário ou mesmo por cortes de contas, que primeiro levantam as suspeitas, suspendem pagamentos, para depois verificarem que na maior parte dos casos ou os valores que são considerados superfaturados eram uma pequena fração, ou mesmo que erraram.

Agora, que vem a pergunta de bilhões para a engenharia brasileira: Por que as vigorosas instituições vinculadas a engenharia não fazem nada ou simplesmente fazem tímidos balidos que nem ovelhas indo para o matadouro?

Poderia dar diversas explicações para inutilidade das organizações de engenheiros em defender o mais elementar que deve ser defendido, o emprego. Vou colocar somente duas razões das muitas que me lembro, segundo o meu ponto de vista.

A primeira razão que me vem à mente, e nem por isto a mais importante é a visão que o engenheiro tem de si mesmo e da sua profissão. Há uma grande parte dos engenheiros que se enxerga como um “empreendedor”, e como tal, e como os cursos e associações voltadas para o empreendedorismo.

Segundo a mentalidade impingida a todos, o sucesso ou o fracasso de seus empreendimentos depende da capacidade empresarial, da criatividade, disto ou daquilo, como se num país com centenas de milhares de profissionais se todos fossem capazes e empreendedores só com o sucesso dos profissionais da área estaríamos com um PIB maior do que toda a Comunidade Europeia ou os Estados Unidos.

Interligado ao espírito de empreendedorismo dos engenheiros há a escolha das direções das instituições que representam a classe. Muitas vezes a escolha destes representantes recai sobre algum presidente que pertence a classe empresarial, ou que faz parte da direção de uma empresa, ou algumas vezes por um já falido empresário, que recebe como prêmio de consolação um cargo “importante” como uma secretaria ou tesouraria de uma destas instituições, ou no limite a própria presidência ou diretoria.

A característica da escolha dos representantes dos engenheiros nas mais diversas instituições é de, no lugar de escolherem engenheiros ativos na parte técnica que representariam a Ciência Engenharia, ou mesmo os interesses de classe, são escolhidos representantes das classes patronais.

Como estas diretorias por serem ou por ter sido algum dia empresário tem uma distorção em função das atividades por estes desenvolvidas, por exemplo, devido profissional de estarem sempre com bom relacionamento com os órgãos públicos que os contratam, é de se esperar este comportamento se repita na direção de instituições que muitas vezes necessitariam enfrentar os governos, é uma questão de sobrevivência das próprias empresas.

Poderia fulanizar o debate, pois como convivi com o meio da engenharia quase cinco décadas (colocando a época que convivia indiretamente por laços familiares), mas isto seria mais uma injustiça do que qualquer outra coisa, pois conforme citado, é a necessidade profissional e o da identificação como classe social dos patrões do que com os empregados.

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