terça-feira, 20 de agosto de 2019

Dá onde não se esperava nada está surgindo a resistência do precariado: Dos YouTubers.

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A noção que muitos tem dos youtubers, ou seja, dos produtores de conteúdo (vídeos) que são colocados na plataforma do Google, o YouTube, é que são um bando de adolescentes cheio de espinhas que se divertem dizendo besteira e fazendo micagens nos seus vídeos.
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Pois bem, estes youtubers que estão cada vez ficando mais profissionalizados com equipes de redação, produção e outras tarefas, estão sendo simplesmente sendo explorados pela plataforma da mesma forma que os proletários do início da revolução industrial eram explorados pelos patrões. E poderíamos dizer que até são ainda mais explorados do que seu companheiros dos séculos passados, pois a plataforma YouTube muda suas regras conforme sua vontade, não paga aos produtores de vídeos quando eles não observam regras que eles mesmos não sabem quais são, ou seja, o capitalismo selvagem mais escrachado dois últimos séculos.
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São milhões de produtores de conteúdo que se esmeram o máximo possível para obter audiência e quando as obtêm vem a surpresa, a chamada desmonetarização do vídeo. Ou seja, as plataformas como a citada simplesmente recebem o dinheiro das propagandas que independente do conteúdo são passadas durante o vídeo e o dinheiro entra na caixa da plataforma e nem é pago um valor arbitrado pela própria plataforma. Quando o produtor entra com um recurso, muitas horas depois, quando já passou o pique das visualizações o vídeo é monitorizado, perdendo o produtor de conteúdo a maior parte das migalhas que lhe são atribuídas.
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Na realidade produtores de conteúdo do YouTube é um exemplo das novas formas de exploração do trabalho, o precariado. Se denomina este tipo de trabalhador desta forma pois são como motoristas do UBER ou outras picaretagens dominadas pelo Imperialismo Internacional, onde aqueles que levam a parte do leão, são as megacorporações internacionais que simplesmente disponibilizam um espaço para estocar seus filmes, ou no caso do Uber, disponibilizam um aplicativo pelo qual os motoristas que são donos do carro e da preciosa mão de obra deixam algo mais de 10% para que o motorista simplesmente faça todo o trabalho e não tenha a mínima cobertura caso tiver qualquer contratempo.
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Porém para inverter esta superexploração do trabalho a poderosa organização sindical alemã da indústria siderúrgica, a IG Metall, se unificou com uma organização incipiente dos Youtubers alemãs para exigir uma série de reivindicações, com o seguinte comunicado:
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Desativar os bots – pelo menos os parceiros confirmados têm o direito de falar com uma pessoa real se você planeja remover o canal deles.
Decisões de conteúdo transparente – Abra a comunicação direta entre os censores (“departamento de conteúdo”) e os Criadores.
Pague pelas visualizações – pare de usar canais demonetizados como “isca” para anunciar vídeos monetizados.
Pare a desmonetização como um todo – se um vídeo estiver de acordo com suas regras, permita anúncios em uma escala uniforme.
Tratamento igual para todos os parceiros – Pare de preferir alguns criadores em vez de outros. Não há mais “YouTube Preferred”.
Pague de acordo com o valor fornecido – divulgue o dinheiro dos anúncios em todos os YouTubers com base na retenção de público, não em anúncios ao lado do conteúdo.
Esclarecer as regras – Traga regras claras com exemplos claros sobre o que é OK e o que é um Não.
Estamos Unidos!
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A função da IG Metall será de dar apoio logístico com seus advogados para que se em um mês o YouTube não der solução, ou entrar em negociações, eles entrarão na justiça contra o Google.
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Provavelmente a luta dos Youtubers terá apoio não só da IG Metall, mas também de um setor que vem sendo prejudicado pelo crescimento das plataformas digitais, o setor de comunicação centrado nos grandes jornais e redes de TV, pois se grande parte das reivindicações tiverem êxito, os custos da redes informatizadas subirá e com isto a concorrência será mais honesta, ou seja, talvez mesmos os liberais, defensores do mercado, deem apoio a estas reivindicações.
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Se os Youtubers tiverem sucesso, seguirão na mesma linha uma série de profissões, como os motoristas e entregadores de Uber, que sofrem o mesmo tipo de superexploração.
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Parece que esta notícia é a mais favorável ao trabalho nas últimas décadas, ou seja, a organização sindical do precariado.

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