sábado, 19 de outubro de 2019

Os liberais e conservadores vão se ferrar, estarão no poder no início da maior crise internacional das últimas décadas.



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Talvez com todas as bagunças que acontecem no governo atual brasileiro, as pessoas não estão falando do Urubu que desceu nas previsões dos maiores bancos internacionais, nas situação de aproximadamente 15% de todas as empresas por todo o mundo que receberam o nome carinhoso de “Empresas Zumbis”.
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Para quem não acredita, colocarei algumas notícias das últimas semanas de órgãos de imprensa representativo do capitalismo internacional e algumas declarações de elementos chaves do capitalismo internacional e depois comentarei.
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Do “The Guardian” em 25 de setembro de 2019: “Global recession a serious danger in 2020, says UN.”
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Do “Financial Review” em 4 de outubro de 2019: “Rumblings of global recession get louder.”
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Da “Bloomberg” em 12 de outubro de 2019: “Is the World Economy Sliding Into First Recession Since 2009?”
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Do “Financial Times” em 13 de outubro de 2019: “Global economy enters period of ‘synchronised stagnation’”
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Da “CNBC” em 16 de outubro de 2019: “‘Awfully high’ risks of a global recession in the next 12-18 months, Moody’s chief economist says.”
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Da agência “Reuters” em 18 de outubro de 2019: “Global economy slows, recession risk hangs in the balance: Kemp”
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Da “CNN” em 19 de outubro de 2019 (otimista): “Not all recessions are a crisis, and the next one won't be as bad as 2008.”
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A única notícia otimista mesmo vem dos nossos “brilhantes” operadores de mercado.
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Do Valor internacional da rede Globo em 15 de outubro de 2019: “Verde Asset’s Pedro Sales says Brazil recession talk is premature”.
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Nada melhor do que contar das sólidas análises dos nossos operadores de mercado, que acham que o Brasil, independente de todo o mundo resistirá solidamente a uma grande recessão!
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Mas deixando de lado a piada brasileira, que estamos nos especializando em criar depois que Bolsonaro e Guedes assumiram a direção do país, vamos aos fatos.
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A crise de 2008 não foi vencida, houve apenas um voo de galinha nos Estados Unidos catapultado por uma redução de impostos de Trump, que não poderá ser repetida pois depois de reduzir não há como reduzir mais sem ter que lançar mão de artifícios monetários e aí é que vem o pior.
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Todas os Bancos Centrais das principais economias internacionais estão trabalhando com taxas de juros praticamente muito próximas a zero ou mesmo negativas em alguns países. Ou seja, a principal política monetária que é usada pelas economias para evitar crises, ou mesmo para recuperar o país de crises, que é baixar a taxa de juros, não tem o mínimo sentido, pois se baixarem ainda mais, o pessoal ganha mais deixando o seu dinheiro debaixo do colchão.
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Mas o verdadeiro problema não está na taxa de juros, ou pior, se mexerem na taxa de juros subindo um pouco mais o seu valor, uma enorme quantidade de empresas denominadas “empresas Zumbis” (são zumbis, porque não conseguem nem pagar os juros dos empréstimos baixíssimos que deveriam pagar.
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Os liberais diriam que as empresas zumbis deveriam falir para dar espaço para as empresas mais produtivas, entretanto a falência destas empresas levará a insolvência de bancos de segunda linha, que emprestam para estas empresas, que por sua vez levará a falência dos bancos de primeira linha, que cobrem os de segunda.
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Além do problema de um risco sistêmico de falência de todo o sistema bancário, há o problema do desemprego. Segundo dados do BIS e de outros grandes bancos privados, o número de empresas zumbis atinge algo em torno de 15% da economia internacional.
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Para quem acha que estou exagerando é só ler a notícia divulgada pela “Reuters” há quatro dias: “IMF heightens warnings on corporate debt following central bank cuts” (traduzindo para não dar trabalho: FMI aumenta alertas sobre dívida corporativa após cortes do banco central), porém o título não parece tão assustador, mas já uma parte do artigo mostra o buraco que estamos: “O FMI alertou que 40% de toda a dívida corporativa nas principais economias poderia ser considerada "em risco" em outra crise global, superando os níveis observados durante a crise financeira de 2008-2009.”.
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Resumo da ópera, com a diminuição das taxas de juros, com a contração esperada na economia, as empresas procurarão novos empréstimos e os bancos só terão duas soluções, emprestar para pagar os juros dos empréstimos anteriores ou simplesmente solicitar a falência.
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De novo, invocando os “fantásticos” liberais, podemos dizer que vão falir um monte de lanchonetes ou empresas de fundo de quintal, porém como escreveu a ousada analista Alexis Christoforous algum tempo (em 19 de Julho de 2019) a IBM é uma empresa zumbi! (“IBM is a 'zombie company': Analyst”).
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Outro problema é que as empresas zumbis são geralmente empresas de setores tradicionais, ou mesmo dentro de setores mais de ponta, são as empresas ditas “laggards” (retardatárias), porém no últimos tempos até as “Leaders”, expressa pelas “FAANGS” (Facebook, Apple e amiguinhas) começam a perder velocidade. Mas mesmo contando com as “FAANGS” o setor das “laggards” e principalmente as zumbis, que como não tem dinheiro ou não já são setores maduros e não conseguem investir (ou não há investimento possível) em modernização e utilizam, devido a isto, muita mão de obra. Em resumo, o estouro deverá ser monumental e além de levar a insolvência de grandes empresas tradicionais, causará um desemprego monumental no mundo.
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Mas por que os liberais e conservadores irão se ferrar com tudo isto? Muito simples, eles estarão no comando das maiores economias do mundo e assim como os governos de tendência de esquerda principalmente da América Latina surfaram na onda das commodities a alto preço, a cava da onda será para os liberais e conservadores.
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E mais, por mais que queiram ter vontade de vender seus países, exceto as grandes máfias internacionais de entorpecentes terão algum dinheiro para investir, e isto mesmo a preço de ocasião.
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(Quanto a qualificação da crise, como a maior das últimas décadas, é outra longa explicação , pois esta pode ser uma das crises derradeiras do capitalismo, mas isto é outra história).

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