sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Pequenas recomendações sobre a educação nas redes sociais.



No século passado, antes da existência das chamadas redes sociais, as pessoas eram muito mais sociabilizadas do que atualmente, a impessoalidade e também o aparente anonimato criou uma forma de comportamento que se dissociou do que se chamava boa educação nos séculos passados, como já tenho bem mais de meio século de existência me permito a transmitir algo que a vida me ensinou.
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Dizer que no passado as pessoas eram mais bem-educadas é um erro, porém os mecanismos de contensão social agiam reprimindo diretamente os mais mal-educados. Por exemplo, se alguém era completamente estúpido com os outros, mais cedo ou mais tarde ele levava um tapa na cara, uma reprimenda direta de um superior ou mesmo uma surra (quando não levava um tiro ou uma facada).Mesmo quem era simplesmente grosso e não seguia as normas de conduta sofriam reprimendas, ironias ou somente caras fechadas, que para pessoas normais servia como alerta.
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Muitos utilizam eufemismos do tipo: “Mimimi” ou “sou contra o politicamente correto”, para simplesmente esconder a sua "falta de educação" ou "distúrbios sérios de comportamento". Para o segundo tipo de comportamento sugiro que as pessoas procurem um tratamento psiquiátrico, então ficarei restrito às pessoas normais que simplesmente perderam um pouco do senso de ética e a educação pelo uso intensivo das redes sociais.

Nos dias de hoje, as redes sociais servem como uma verdadeira máscara ou mesmo uma aparente couraça de proteção a atos antissociais. Quantas pessoas de má índole utilizam as redes sociais diretamente ou até indiretamente para desfazerem laços afetivos sem precisar dizer diretamente às suas “paixões” que desistem da relação. Na verdade, neste caso quem sairá em vantagem são aqueles que recebem o distrato impessoal, pois quem utiliza meios impessoais para romper laços amorosos não deveria ter quem os amassem.

Mas como não sou conselheiro sentimental, volto logo ao objetivo central do texto, o uso das redes sociais de forma indevida para quem não teve uma educação formal clássica ou teve progenitores que simplesmente eram também inábeis e mal-educados (vide a “famiglia” Bolsonaro).

Eu, desde a mais tenra idade, fui ensinado por minha avó, um anjo de criatura, que jamais deveríamos apontar o dedo para qualquer passante nas ruas que tivesse alguma diferença de comportamento, status social, complexão física ou qualquer outro tipo minoria. Este tipo de comportamento fui educado mesmo antes de ser alfabetizado. Ou seja, antes da década de sessenta do século passado já sabia que isto era má educação. Importante notar que neste tempo não existia nem a expressão “politicamente correto”, mas sim de boa educação.

Mais tarde apreendi que éramos responsáveis por nossos atos, ou seja, como não existia a chance do anonimato, todos nós éramos diretamente responsáveis por palavras, posições políticas e sociais que defendíamos individualmente ou mesmo em nome de coletivos que eram nominados, os fenômenos de contas fantasmas nas redes e mentiras propagadas via replicação de escritos por anônimos. Por este motivo sugiro que todos, quando possível, ao emitir uma opinião qualquer utilize o seu nome e sobrenome, coisa que faço regularmente quando escrevo ou falo via Internet.

Mas há outras recomendações que apreendi com o tempo, que passo aqueles que querem manter a sua imagem pelo menos limpa na rede. Sofrer o contraditório por pessoas que se põe contra a nossas opiniões e que se manifestam no mesmo nível, com educação e sem anonimato, devem ser consideradas e refutadas, ou até confessado imediatamente o seu erro, pois o erro é algo da natureza humana.

Um pouco de educação formal não faz mal a ninguém, em discussões cara a cara, geralmente as pessoas se cumprimentam e dão uma noção de quem é o seu interlocutor, quando acontece algo semelhante nas redes sociais, geralmente por preguiça, ninguém cumprimenta ou se apresenta, entra solando sem a mínima introdução.

Sempre ao propor um debate de opiniões, faça da forma mais honesta possível, não escondendo suas posições ou tentando vender gato por lebre.

Ao interromper temporariamente uma discussão, dê uma pequena explicação porque tem que abandonar a discussão e se despeça educadamente, a despedida pode ser até um pequeno “tchau”, mas não saia sem dizer nada.

Outra coisa que aprendi nas redes fazendo um debate franco e educado com pessoas que estão em posição completamente opostas as nossas, que a capacidade de mudar a opinião, se os argumentos forem honestos é muito maior do que se pensa.

Há uma peculiaridade que poucos se dão conta, há pessoas honestas que refutam nossas opiniões e por serem mais toscas, apelam em parte para desaforos e até insultos. Estas pessoas por formação tem a necessidade do uso de uma linguagem mais agressiva, não deixe barato, faça uma longa argumentação correta e educada e no fim desta reaja com a mesma violência que do seu interlocutor ou até um pouco mais, que terás uma surpresa, na maioria dos casos ele vai abrir mão dos desaforos e entrar num debate civilizado. Estas pessoas que argumentam e junto com a argumentação intercalam desaforos querem alguém que debata com eles e não se submeta a intimidação. Importante, desenvolva o seu raciocínio sempre no início e deixe os desaforos para o fim, nunca inverta a ordem.

Quando for discutir sobre um assunto que não tenha domínio absoluto, comece a discussão simplesmente deixando claro a sua posição de falta de expertise no assunto, pois é mais fácil aparentar menos no início do que mostrar que não sabes durante o debate.

Poderia seguir em algumas recomendações sobre debates civilizados nas redes sociais, só vou dizer algo, nunca debata contra frases toscas que são postadas nas redes, que a chance de estar respondendo para um robô são muito grandes.

Obrigado pela atenção.

domingo, 20 de outubro de 2019

Se Sérgio Porto ainda tivesse vivo, ele pediria parte dos salários dos altos signatários da República.


Sérgio Porto (1923 — 1968), conhecido pelo pseudônimo de “Stanislaw Ponte Preta”, foi um cronista, escritor, humorista, radialista, teatrólogo e compositor, que além de possuir uma cultura excelente tinha um senso de humor fantástico e refinado.
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Ele fazia crônicas ácidas que criticavam a moralidade da sua época e quando foi necessário a ditadura militar, faleceu precocemente aos 45 anos e a sua última frase que proferiu no seu leito de morte para a pessoa que o estava cuidando mostra exatamente quem foi Sérgio Porto “Tunica, estou apagando. Vira o rosto prá lá que não quero ver mulher chorando perto de mim.
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Ele era um profissional fantástico conhecido tanto por suas crônicas, mas também por suas frases, como: “Imbecil não tem tédio” ou “Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato” como centenas de outras.
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Sérgio Porto escreveu três livros exatamente sobre aqueles que ele criticava, chamado: “FeBeAPá – Festival da Besteira que Assola o País”, onde há uma coleção de besteiras que foram colecionadas por Sérgio Porto, tais como esta: “Policiais da Dops e elementos do Exército invadiam a casa da escritora Jurema Finamour e carregavam diversos objetos, inclusive um liquidificador. Vejam que perigosa agente inimiga esta, que tinha um liquidificador escondido dentro de sua própria casa.” Só para quem não sabe Dops era o Departamento de Ordem Política e Social do Brasil, a polícia política, onde qualquer coisa que provocasse estranheza dos policiais e outros agentes públicos, militares, por exemplo, era coisa de comunista.
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Pois a morte poupou Sérgio Porto de uma velhice mais prolongada (teria 96 anos) e também de ver parte de seu humor seria indevidamente usurpado pelos altos cargos da República, pois simplesmente as piadas já saem prontas das bocas e ações daquele que ocupa o cargo de presidente e seus diletos primeiro e demais escalões.
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Até a morte de Sérgio Porto, as piadas eram produzidas em sua maioria por prefeitos, vereadores, deputados e poucas por ministros e presidentes. Isto ocorreria principalmente porque nos cargos mais elevados, existiam pulhas com mais cultura e com senso de ridículo. Jamais teríamos um ridículo ministro da educação que faria uma grotesca imitação do famosíssimo Gene Kelly, um dos mais respeitados atores e dançarinos do cinema mundial cantando e dançando a canção “Singin' in the Rain” que deu o nome a um musical clássico de Hollywood. Também as performances da Ministra Damares, os surtos do Ministro Guedes e o besteirol do nosso Ministro das Relações Exteriores além das frases e mensagens escatológicas daquele que ocupa a cadeira da presidência (não vou falar do haviam do ministro da educação, pois caio frequentemente neste erro horrível e roto não deve falar de descosido).
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Isto tudo causaria um sério problema para Sérgio Porto, pois as imagens, as falas e os escritos destes personagens, por si só já são uma piada pronta, não necessitando nada mais do que as colocar em evidência.

sábado, 19 de outubro de 2019

Os liberais e conservadores vão se ferrar, estarão no poder no início da maior crise internacional das últimas décadas.



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Talvez com todas as bagunças que acontecem no governo atual brasileiro, as pessoas não estão falando do Urubu que desceu nas previsões dos maiores bancos internacionais, nas situação de aproximadamente 15% de todas as empresas por todo o mundo que receberam o nome carinhoso de “Empresas Zumbis”.
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Para quem não acredita, colocarei algumas notícias das últimas semanas de órgãos de imprensa representativo do capitalismo internacional e algumas declarações de elementos chaves do capitalismo internacional e depois comentarei.
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Do “The Guardian” em 25 de setembro de 2019: “Global recession a serious danger in 2020, says UN.”
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Do “Financial Review” em 4 de outubro de 2019: “Rumblings of global recession get louder.”
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Da “Bloomberg” em 12 de outubro de 2019: “Is the World Economy Sliding Into First Recession Since 2009?”
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Do “Financial Times” em 13 de outubro de 2019: “Global economy enters period of ‘synchronised stagnation’”
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Da “CNBC” em 16 de outubro de 2019: “‘Awfully high’ risks of a global recession in the next 12-18 months, Moody’s chief economist says.”
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Da agência “Reuters” em 18 de outubro de 2019: “Global economy slows, recession risk hangs in the balance: Kemp”
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Da “CNN” em 19 de outubro de 2019 (otimista): “Not all recessions are a crisis, and the next one won't be as bad as 2008.”
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A única notícia otimista mesmo vem dos nossos “brilhantes” operadores de mercado.
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Do Valor internacional da rede Globo em 15 de outubro de 2019: “Verde Asset’s Pedro Sales says Brazil recession talk is premature”.
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Nada melhor do que contar das sólidas análises dos nossos operadores de mercado, que acham que o Brasil, independente de todo o mundo resistirá solidamente a uma grande recessão!
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Mas deixando de lado a piada brasileira, que estamos nos especializando em criar depois que Bolsonaro e Guedes assumiram a direção do país, vamos aos fatos.
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A crise de 2008 não foi vencida, houve apenas um voo de galinha nos Estados Unidos catapultado por uma redução de impostos de Trump, que não poderá ser repetida pois depois de reduzir não há como reduzir mais sem ter que lançar mão de artifícios monetários e aí é que vem o pior.
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Todas os Bancos Centrais das principais economias internacionais estão trabalhando com taxas de juros praticamente muito próximas a zero ou mesmo negativas em alguns países. Ou seja, a principal política monetária que é usada pelas economias para evitar crises, ou mesmo para recuperar o país de crises, que é baixar a taxa de juros, não tem o mínimo sentido, pois se baixarem ainda mais, o pessoal ganha mais deixando o seu dinheiro debaixo do colchão.
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Mas o verdadeiro problema não está na taxa de juros, ou pior, se mexerem na taxa de juros subindo um pouco mais o seu valor, uma enorme quantidade de empresas denominadas “empresas Zumbis” (são zumbis, porque não conseguem nem pagar os juros dos empréstimos baixíssimos que deveriam pagar.
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Os liberais diriam que as empresas zumbis deveriam falir para dar espaço para as empresas mais produtivas, entretanto a falência destas empresas levará a insolvência de bancos de segunda linha, que emprestam para estas empresas, que por sua vez levará a falência dos bancos de primeira linha, que cobrem os de segunda.
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Além do problema de um risco sistêmico de falência de todo o sistema bancário, há o problema do desemprego. Segundo dados do BIS e de outros grandes bancos privados, o número de empresas zumbis atinge algo em torno de 15% da economia internacional.
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Para quem acha que estou exagerando é só ler a notícia divulgada pela “Reuters” há quatro dias: “IMF heightens warnings on corporate debt following central bank cuts” (traduzindo para não dar trabalho: FMI aumenta alertas sobre dívida corporativa após cortes do banco central), porém o título não parece tão assustador, mas já uma parte do artigo mostra o buraco que estamos: “O FMI alertou que 40% de toda a dívida corporativa nas principais economias poderia ser considerada "em risco" em outra crise global, superando os níveis observados durante a crise financeira de 2008-2009.”.
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Resumo da ópera, com a diminuição das taxas de juros, com a contração esperada na economia, as empresas procurarão novos empréstimos e os bancos só terão duas soluções, emprestar para pagar os juros dos empréstimos anteriores ou simplesmente solicitar a falência.
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De novo, invocando os “fantásticos” liberais, podemos dizer que vão falir um monte de lanchonetes ou empresas de fundo de quintal, porém como escreveu a ousada analista Alexis Christoforous algum tempo (em 19 de Julho de 2019) a IBM é uma empresa zumbi! (“IBM is a 'zombie company': Analyst”).
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Outro problema é que as empresas zumbis são geralmente empresas de setores tradicionais, ou mesmo dentro de setores mais de ponta, são as empresas ditas “laggards” (retardatárias), porém no últimos tempos até as “Leaders”, expressa pelas “FAANGS” (Facebook, Apple e amiguinhas) começam a perder velocidade. Mas mesmo contando com as “FAANGS” o setor das “laggards” e principalmente as zumbis, que como não tem dinheiro ou não já são setores maduros e não conseguem investir (ou não há investimento possível) em modernização e utilizam, devido a isto, muita mão de obra. Em resumo, o estouro deverá ser monumental e além de levar a insolvência de grandes empresas tradicionais, causará um desemprego monumental no mundo.
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Mas por que os liberais e conservadores irão se ferrar com tudo isto? Muito simples, eles estarão no comando das maiores economias do mundo e assim como os governos de tendência de esquerda principalmente da América Latina surfaram na onda das commodities a alto preço, a cava da onda será para os liberais e conservadores.
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E mais, por mais que queiram ter vontade de vender seus países, exceto as grandes máfias internacionais de entorpecentes terão algum dinheiro para investir, e isto mesmo a preço de ocasião.
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(Quanto a qualificação da crise, como a maior das últimas décadas, é outra longa explicação , pois esta pode ser uma das crises derradeiras do capitalismo, mas isto é outra história).

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Não era estratégia, era ignorância mesmo!


Durante muito tempo a imensa parte de todo o quadro político, jornalístico e demais pessoas da população, que se preocupam com a política, tentavam avaliar as declarações do atual ocupante da cadeira da presidência da república sob dois pontos de vista. O primeiro que as declarações abjetas e escatológicas do personagem consistiam em uma espécie de cortina de fumaça para permitir a penetração das suas políticas antinacionais e desencontradas com a finalidade de submeter o país ao domínio do Imperialismo Internacional. O segundo ponto de vista era que com a mesma finalidade de submissão ao Imperialismo Internacional, as declarações eram somente produto de uma mente pouco preparada e com uma nula compreensão do fenômeno político.
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Com a atual implosão do seu partido de apoio, o PSL, provocada pela inabilidade absoluta do atual ocupante da cadeira presidencial, ficou patente a todos que o segundo ponto de vista é o que deve ser considerado daqui por diante.
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O personagem em questão, mais parece um inocente fungo que vitimou inúmeros portadores de Síndrome de Deficiência Imunológica (SIDA ou AIDS), pois o corpo do atingido pelo vírus da imunodeficiência humana torna-se tão frágil que fungos oportunistas como a Candida e o Cryptococcus agem sobre o corpo do paciente de forma mais danosa do que num corpo sem imunodeficiência.
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É importante o diagnóstico correto da ação do personagem oportunista que ascendeu ao maior posto da República, pois é possível com isto traçar as possibilidades de ação do mesmo para prejudicar ainda mais o país.
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Parece evidente neste momento que o diagnóstico correto esteja estabelecido, não pelas maldades que estão sendo feitas contra ao tecido nacional, mas sim pela total e incompleta incapacidade do mesmo de ter um plano estratégico para o futuro. Se acompanharmos as votações de projetos como os da previdência e ações como retirar os privilégios de país em desenvolvimento da OMC ou ainda a entrega da base de foguetes de Alcântara para os norte-americanos e o petróleo do pré-sal as multinacionais destruindo a Petrobrás, em todos os casos podemos vislumbrar por trás de tudo isto as mãos de Paulo Guedes, de Rodrigo Maia, das organizações Globo e outros elementos antinacionais movimentando os cordéis de seus interesses nada republicanos.
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Em resumo, podemos dizer que a famiglia, mais afeita a ações vinculadas ao baixo crime do que as grandes negociatas internacionais, procura no submundo mais insignificante as suas vitórias e seu controle. O mesmo trajeto que faz na política do baixo clero, eles procuram a sustentação armada não nos altos escalões das forças armadas, que no momento estão apoiando-o mais por conveniências pessoais do que por uma estratégia política.
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Este vínculo com as baixas patentes das forças armadas e polícia militar foram longamente obtidos através de uma militância sindical que o então eterno deputado federal conseguiu com promessas que nunca foram levadas a diante pelo representante no congresso, mas deu um sentimento de poder aos baixos escalões tanto das forças armada como da polícia militar.
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Porém este vínculo também começará a ser perdido à medida que o executivo não promover melhoras nas condições salariais e outras. O problema maior será para os altos escalões de ambas as corporações armadas, pois um verdadeiro espírito de insubmissão tomará conta de organizações que são tradicionalmente hierarquizadas e onde a disciplina é um dos pilares de sustentação. Isso está sendo levianamente encarado por toda a hierarquia superior, que se encanta com discursos contra a esquerda, que animam os sonhos dos mais engajados na ideologia amplamente apojada por longo tempo, mas não colocam mais comida no prato.
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A melhor conclusão de tudo isto é que a hora da oposição de fato entrar realmente em campo, não manejando folhinhas de papel nas casas legislativas, mas sim indo na direção de seus eleitores do passado, pois não há nenhuma estratégia maligna por trás de toda esta confusão.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A corrida na direção do poder real começou.


O resultado do que virá ocorrer nas próximas semanas definirão os destinos da próxima década do país, entretanto o que se vê claramente é que ninguém sabe com quem estão as cartas, quem blefa ou quem tem realmente o melhor jogo.
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A extrema direita incluindo o que alguns chamam de direita, mas que na verdade é a mesma extrema direita que sabe comer com talheres, estão procurando verificar suas forças e de forma totalmente improvisada pretendem partir para um governo Totalitário.
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O conceito de governo Totalitário foi desgastado e utilizado incorretamente pela intelectualidade de baixo nível de escolaridade política e conhecimento da história, confundindo governos de força ou governos ditatoriais com o que se entende por um Estado Totalitário.
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Vamos primeiro a caracterização do que é um governo Totalitário e com isto podemos entender o problema do apoio deste tipo de governo por grande parte da grande burguesia que se acomoda muito bem em governos ditatoriais, mas fica totalmente desconfortável em Estados Totalitários.
Mussolini foi quem definiu mais claramente o que é um Estado Totalitário: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.” Ou seja, há claramente uma contradição com o liberalismo ou o neoliberalismo (tomando uma definição de uma direita liberal, ditatorial ou não). Ou seja, um regime neoliberal na teoria comporta facilmente um Estado ditatorial, entretanto não comporta um regime totalitário, simplesmente porque neste último o Estado fica sob o controle da economia de forma total.
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Vamos explicar melhor o que venha a ser um Estado Totalitário. Toda e qualquer ação num Estado Totalitário fica sobre o controle de um só partido único gerido por um chefe absoluto. Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, montaram Estados Totalitários, onde a atividade política partidária fica restrita a um só partido que este por sua vez é chefiado por um só Líder. Deste partido ficam sujeitos todos os poderes, o legislativo e o judiciário. A ação do executivo fica sem um único controle, no início dos Estados Totalitários sempre a Grande Burguesia controla a Economia e através do partido único os movimentos operários, logo aparentemente é um excelente negócio. Entretanto pelo domínio do Líder no partido único, sendo retirado qualquer outra agremiação política do país, a direção desta política econômica será feita ao sabor do Líder, que quando assume seus poderes reais em 100% dos casos da história ou leva o país a guerra (Alemanha e Itália) ou leva o país a estagnação econômica (Portugal e Espanha).
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Confundem muitos intelectuais o governo pós 64 com um Estado Totalitário, entretanto isto é um erro fantástico que polui a discussão política e gera mais confusão desde a esquerda revolucionária até a extrema direita, passando pelos partidos e tendências centristas. O golpe de 1964 levou o país a um regime ditatorial que nunca procurou criar um regime totalitário, isto não quer dizer que dentro deste governo não existiam os chamados “linhas-duras” que estes mesmos sonhavam com um totalitarismo real.
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A pergunta que talvez seja uma resposta a situação atual é por que nos governos pós 64 jamais se passou a um regime totalitário? A resposta é um pouco complexa, quanto mais próximo a um Estado Totalitário, mais próximo da falência deste regime. Alguém poderia dizer que tanto o Nazismo como o Fascismo Italiano tiveram uma duração longa e estável, porém se analisarmos a luz de acontecimentos reais e as diversas fases que houve nestes regimes, as duas afirmações não se sustentam.
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O Fascismo Italiano, na realidade tinha um controle que estava em mãos da grande burguesia que poucos se dão conta de sua existência, mas que foi utilizado pela grande burguesia industrial Italiana quando viram que não poderiam seguir adiante, o Rei, uma figurinha fraca e isolada que parecia não ter nenhum poder. Poucos se lembram que quando os militares italianos se deram conta em 25 de julho de 1943 que a guerra estava perdida, Mussolini foi comunicado pelo Rei que ele estava fora, e o chamado Estado Totalitário é concluído em abril de 1926 com o fechamento de todos os partidos, exceto o Fascista e fim de toda a imprensa de oposição.
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Entre 1926 e 1943 que este período não é absoluto, pois a partir de 1935 (nove anos após a implantação do Estado Totalitário) a Itália se mantém em guerra (1935-1936 Segunda Guerra Ítalo-Etíope, 1938 Invasão da Albânia e 1940-1941 Invasão da Grécia, 1940-1943 Segunda Guerra Mundial).
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Ainda é importante destacar, que os Estados Totalitários, exemplos Alemanha Nazista e Itália Fascista, são altamente deficitários. Germà Bel, um economista catalão descreve nos seus trabalhos “From Public to Private: Privatization in 1920's Fascist Italy” e “Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany”, que diferentemente dos governos conservadores ou liberais europeus, supriram parte de seus déficits públicos (em torno de 1,4% ao ano) por programas de privatizações agressivos. Quando estes déficits superaram a capacidade de ser coberto pelas privatizações, socializou-se o prejuízo de novo, com, por exemplo, a instituição na Itália dos chamados instituti ou enti nazionali, para em 1939 o Istituto per la Ricostruzione Industriale (IRI) controlava 20% da indústria italiana, principalmente a indústria voltada a guerra, onde a participação em determinados setores (siderúrgico e indústria naval) era quase 70%.
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Poderíamos dizer que Paulo Guedes está seguindo em parte a política dos fascistas italianos e alemães, porém o “em parte” coloca a situação brasileira em piores condições do que os economistas fascistas de raiz fizeram, a privatização na Itália e na Alemanha era feita para os grandes capitais nacionais de cada país, e a brasileira, como está internacionalizando os passivos nacionais, estes criarão um fluxo de capital que piorará as contas públicas muito pior do que as durante a crise de 1930 na Itália e na Alemanha, pois não serão passivos a serem retomados, mas sim a serem indenizados com recursos que não teremos.
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Por outro lado, há um problema sério na tentativa de instalação de um governo Totalitário, é a necessidade de uma base militante e motivada ou economicamente ou ideologicamente. Há uma confusão na esquerda em dizer que a ideologia fascista não tem ideologia, a ideologia fascista e completamente falsa e mentirosa, pois se propõe a algo que nunca está com vontade de cumprir, mas ela existe. Insisto na existência de uma ideologia fascista, pois muitos não entendem como o fascismo tem base social enquanto NÃO ASSUME O PODER ou por períodos extremamente curtos, esta base assente por discursos racistas, chauvinistas ou até religiosos (os mais perigosos e mais duradores) são efêmeros pois eles partem de um discurso de unidade contra um inimigo comum, de raça, religião ou a ameaça estrangeira. Porém estes discursos falaciosos só podem ser utilizados quando há uma homogeneidade nestes aspectos, coisa que será difícil de forjar num país em que sua característica é de extrema heterogeneidade.
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A implantação de um Estado Totalitário, motivado pelo antissocialismo ou por motivos econômicos (a espera que o governo Totalitário levará melhores condições para seu adeptos, não é uma motivação nada duradora, pois com a repressão da esquerda como a motivação econômica que deverá acompanha-la, será perdida a sua base social, que se desmontará rapidamente na medida que as condições econômicas não melhoram.
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Mas só para fechar o comentário sobre as perspectivas positivas ou negativas de um aprofundamento da política atual, lembro a todos que no meio deste torvelinho de idas e vindas da direita brasileira, o que ninguém está levando em conta é a aproximação de uma crise econômica internacional que vem sendo diagnosticada não por economistas socialistas ou marxistas, mas sim por economistas ligados aos grandes bancos privados internacionais e organizações tipo FMI, Banco Mundial e BIS. Uma crise que se avizinha tão ou até mais grave do que a crise de 1929 e que simplesmente causará uma mudança em toda a organização econômica e política mundial.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Mais um programa a lá Abraham Weintraub



Como diz o ditado, de onde não se espera grande coisa, aí mesmo que não sai nada.
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O ministro do Dançando na Chuva, lança um arrojado programa de milhões de vagas que deverão ser supridas pelas Universidades Privadas a custa dos próprios alunos, com um detalhe, lança um programa em que o próprio nem está escrito como ele será.
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Coloca uma série de palavras como “Gestão e Resultados”, “Articulação e Fortalecimento” e “Inovação e Empreendedorismo”, além destas palavras e um papo que mais parece uma palestra de motivação profissional quando se procura na página do MEC o que significa e como será processado na prática esses itens ao se clicar nos hyperlinks aparece mensagens como “Ooops… Erro 404 Desculpe, mas a página que você está procurando não existe”, ou também retorna-se a página que estava o link quando não aparece uma propaganda da empresa contratada pelo Ministro que está fazendo a página.
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O programa é tão furado que quanto se procura a normalização do mesmo está escrito “Para tanto, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº xx, de xx de setembro de 2019 (inserir o número da portaria que será publicada)....”. Ou seja, a empresa que foi contratada recebeu a mensagem “inserir o número da portaria que será publicada” e remete a normalização a portatia xx de xx de setembro que deveria ser publicada em setembro e em outubro parece que ela ainda não existe.
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Além de toda a incompetência tanto do ministro como da sua equipe e contratados, temos que entender o que é este programa, e para entendê-lo não é necessária muita imaginação, é só estar atualizado com as picaretagens dos cursos técnicos das universidades privadas de terceira linha, pois então vamos a realidade.
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Nos últimos anos as universidades privadas estão lançando uma série de cursos sem pé nem cabeça, que “(de)formam” milhares de técnicos de nível superior que são feitos na base de cuspe e giz, ou seja, um curso técnico de nível superior, feito da forma correta, tem que necessariamente ter laboratórios dos mais diversos tipos e professores treinados em cada área. O que as universidades “privadas”, o nome privada serve também neste caso para referir um equipamento empregado nos banheiros e a proximidade dos dois sentidos não está muito longe. Bem estes cursos na sua imensa maioria não tem a mínima infraestrutura de laboratórios e os professores saltam de uma disciplina a outra conforme a necessidade das “empresas privadas de ensino” e quando começam a ganhar mais experiência são substituídos por mais novos, inexperientes e mais baratos.
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Além de tudo isto, há uma previsão do ensino a distância, que mostra a irresponsabilidade do programa, pois as aulas “práticas” são substituídas por simulações enviadas pelos professores que não dão a mínima experiência profissional.
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O programa do MEC esconde uma nova picaretagem, a atualização do “Catálogo Nacional de Cursos Técnicos”. O que está previsto para isto? Simplesmente a aceitação de nomes criativos e atrativos de cursos técnicos que serão verdadeiras ratoeiras para os infelizes que ficarem seduzidos pelo nome e pela propaganda das “empresas de ensino”.
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Para dar uma ideia como a sugestão de picaretagem vai longe, na propaganda do programa do MEC aparece por exemplo a seguinte frase “Destacam-se, nas previsões desse estudo, funções significativamente baseadas no uso de tecnologias digitais, tais como aquelas relacionadas a inteligência artificial e aprendizagem de máquina, big data, automação de processos, segurança da informação, experiência do usuário, design de interação homem-máquina, robótica, entre outras.” Imaginem o aluno formado a distância em inteligência artificial ou design de interação homem-máquina ou ainda robótica, num cursinho de baixo custo a distância sem laboratório e sem professores que realmente entendam do assunto.
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Realmente, da cabeça de um ministro que tem se notabilizado em apresentações patéticas na Internet escrevendo no Twitter coisas sem a mínima noção, realmente o que pode sair é o que se encontra nas privadas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A Natureza odeia o vácuo. Trump e Bolsonaro não caíram ainda porque criam um vácuo.



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Qual a analogia da situação de Trump e de Bolsonaro? Os mais apressados vão dizer que os dois levam a uma política que namora fortemente ao fascismo, o que é verdade, mas no caso do presidente norte-americano as críticas e lutas de sua oposição do partido Democrata não está baseada neste fato.
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A grande preocupação dos setores dentro do establishment norte-americano e brasileiro é no desarranjo econômico que tanto um como o outro temem com a presença destes dois governantes, mas não é quanto as propostas que os mesmos tem de reforma dos poderes do capitalismo dentro de cada país, mas sim da natureza da contrarreforma que pode surgir tanto em um como em outro país. No momento em que Trump sentiu-se ameaçado por seus rivais democratas ele agiu estrategicamente colocando um impasse na contrarreforma proposta pelos seus rivais. Mas vamos analisar melhor o caso norte-americano para entendermos melhor o problema.
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Trump desde o início de seu governo vinha sendo ameaçado por um processo de impeachment, razões como a sua provável sonegação de impostos que ele sempre fez seria a solução Al Capone de derrubada de Trump, ou seja, exigir suas declarações de imposto de renda e a análise das mesmas, faria o mesmo que o governo norte-americano fez com o famigerado líder da máfia, prendê-lo por sonegação de impostos.
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Além deste procedimento poderiam ser achados outros motivos, entretanto já pensando no pós-impeachment os democratas que dominam este partido viram que com a derrubada de Trump criar-se-ia um vácuo político que no início do governo seria ocupado pela “esquerda” democrática representada pelo senador Sanders, que diferentemente do que Trump causaria um abalo mais profundo do establishment norte-americano que seria extremamente difícil de corrigir o seu rumo.
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No início da campanha eleitoral norte-americana surgiu com força o ex-vice-presidente Joe Biden, alguém que é ligado a política conservadora do partido democrata e a indústria militar, ou seja, uma oposição palatável a todos os horrores que produziu os governos Barack Obama, ou seja, o mesmo de sempre.
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Trump como é um político nato, simplesmente bateu exatamente na base que o substituiria no caso de uma próxima eleição, mostrou claramente que este político através de seu filho levou a política intervencionista norte-americana à sua origem.
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Agora qual o problema dos democratas, privados de um substituto a Trump que agradaria a todos do establishment, sobrando na campanha a senadora democrata Elizabeth Warren que é tida pelos norte-americanos (principalmente pela grande imprensa) como uma “progressista”, porém uma progressista que foi contra a vontade de Trump de retirar as tropas invasoras do país tanto da Síria como do Afeganistão, pois deveriam consultar os seus “aliados” também invasores.
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Devido a fragilidade eleitoral de Warren que vem sendo sustentada mais pela imprensa norte-americana do que outra coisa, ela pode numa disputa direta com Sanders perder as fajutas e eternamente fraudadas primárias, onde alguns milhões de eleitores do partido democrata desaparecem das listas eleitorais ou sofrem outros tipos de fraudes. Porém como Sanders apreendeu um pouco na sua última campanha provavelmente a fraude diminuirá.
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Em resumo, sem Joe Biden na campanha, desgastado por uma série bem grande de escândalos, a incerteza volta a campanha eleitoral e até pode haver o surpreendente resultado de ser indicado um candidato que a maioria do eleitorado democrata deseja, algo meio surpreendente no sistema eleitoral norte-americano e que ocorre de tempos em tempos. Falando com outras palavras, criando-se um vácuo pelo desgaste político de Trump e de Joe Biden a chance de haver surpresas crescem na campanha eleitoral norte-americana.
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Agora voltando ao nosso país, Bolsonaro, diferentemente de Trump, é de uma fragilidade imensa em termos eleitorais e até em termos de se manter na presidência até o fim do mandato, caso fosse vontade de prosperar um processo convencional de derrubada de presidentes, ou seja, um processo de impeachment, dezenas de razões poderiam ser elencadas, porém da mesma forma que Trump cria-se um vácuo.
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Bolsonaro sendo derrubado, de uma forma “legal” ou simplesmente levado a renúncia ou mesmo derrubado pelo povo (a saída mais democrática), o vácuo nunca será ocupado por seu vice que de popularidade nem para síndico de prédio se elegeria, com isto a única opção lógica para a sua substituição é o ex-presidente Lula. Este com algumas semanas de campanha eleitoral arrebataria o cargo com folga no primeiro turno, porém Lula é o candidato detestado pelo grande capital, pois seu espírito de composição com a direita deve ter ido pelo esgoto no momento que ele entendeu na pele o que o Imperialismo quer com ele.
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Desta forma Bolsonaro por mais bobagens que faça e que diga, continuará na sua posição enquanto não acharem um candidato como o Joe Biden era, porém como a base do Partido dos Trabalhadores está sentindo na pele o que representa a atual política governamental, não aceitará composições pela cabeça e pactos dos mais diversos tipos para que tudo permaneça como está.
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A direita procura desesperadamente seu representante que substitua Bolsonaro, mas devido a invasão política de um bando de acéfalos do PSL, que pouco a pouco vão migrando para climas mais agradáveis e levando com eles todo o cheiro desagradável dos seus passados.
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Artistas globais, são ventilados para o cargo, Lenins Moreno na “esquerda” aparecem na mídia e são incensados por ela, mas não deslancham, os governadores da oposição, que poderiam num ato de desespero serem cooptados para posar de uma esquerda comportada, estão sendo tão comportados que deixam um rastro de medidas antipopulares e antinacionalistas que numa campanha seriam desmistificados até por um “Cabo Daciolo” derrubaria qualquer pretensão destes “esquerdistas” tipo Lenin Moreno.
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No momento Lula está preso e ficará preso enquanto não acharem alguém que possa participar de alguma nova fraude eleitoral, pois Bolsonaro cria um vácuo e a natureza odeia o vácuo.